A importancia das Pessoas para o Sucesso da Prevenção de Perdas
- Escrito por João Carlos Lapa
- Publicado em Prevenção de Perdas
- Lido 8755 vezes
- tamanho da fonte diminuir o tamanho da fonte aumentar o tamanho da fonte
- Imprimir
Quando se fala em Prevenção de Perdas no varejo, a maioria das pessoas associa o termo a prevenção de furtos e fraudes.
Não que estes fatos estejam desassociados da área, mas não devemos entender que os motivos das perdas nos supermercados são exclusivamente estes e, aliás estes nem são as maiores razões de perdas conforme as pesquisas oficiais do PROVAR – USP, onde em 2008, a soma dos motivos de origem fraudulenta ( 41,3,% ) é menor do que aqueles de origem operacional/administrativa ( 58,7 % ), demonstrando que embora relevantes, as fraudes não devem ser os únicos focos de combate de um Programa de Prevenção de Perdas. Analisando ainda estes números por outro ângulo, poderemos também identificar as perdas como sendo 23 % com causas externas e 77 % com causas internas, reforçando a visão que em Prevenção de Perdas, nosso principal público é o interno, por quem passa a maior parte das soluções.
Destacamos que um Programa de Prevenção de Perdas para atingir os resultados desejados, deverá ter foco tanto nas origens fraudulentas como nas operacionais /administrativas, para desta forma buscar a solução do maior percentual possível de perdas, potencializando os lucros da empresa.
Escolhemos como tema central para esta matéria, salientar a relevância das pessoas para que o Programa de Prevenção de Perdas atinja os resultados planejados de reduzir as perdas aos níveis de referência do mercado nacional, o que significa dizer algo em torno de 2% sobre as vendas líquidas da empresa.
Quando nos referimos as pessoas, entendemos que o Programa depende das equipes da Prevenção de Perdas, fiscais, vigilantes, agentes, encarregados, supervisores, gerentes e consultores que atuam diretamente no setor, bem como com igual intensidade das equipes das lojas, balconistas, repositores, operadores de caixas, açougueiros, padeiros, encarregados e gerentes. Todos, sem exceção, tem sua parcela de contribuição para que as metas de perdas sejam atingidas todos os meses.
Para tal, as equipes operacionais das lojas devem estar preparadas para participar ativamente do Programa, através de disciplina, fiel cumprimento das normas e procedimentos e preservação dos padrões de higiene e qualidade com mercadorias, utensílios, equipamentos, instalações e até com sua apresentação pessoal, especialmente aqueles que manipulam e processam alimentos. As equipes das lojas devem conhecer os procedimentos operacionais e administrativos padronizados da empresa, pois o descumprimento destes sempre abre passagens para algum tipo de perda, seja acidental ou dolosa.
Por estas razões, defendemos que a preservação das especificações técnicas dos produtos, definidas pelo fabricante é sempre um modo de prevenir perdas, através do prolongamento da “vida “ do produto de uma mercadoria alimentícia. Assim como a correta recepção e imediata armazenagem dos produtos refrigerados, darão continuidade a qualidade inicial com que foi produzido, para que a sua data de validade original seja mantida.
Para que todos estes requisitos sejam respeitados, será necessário que o pessoal de operações esteja imbuído do sentimento de responsabilidade sobre a importância de sua participação para que as coisas realmente aconteçam conforme o planejamento e que os resultados das perdas sejam minimizados aos níveis de mercado.
A equipe da Prevenção de Perdas deverá estar capacitada para realizar seu trabalho de inspeção, monitoramento e informação sobre o andamento dos processos, através da utilização de suas ferramentas de avaliação e todos os setores da loja. Entretanto, para o sucesso do programa, é indispensável que as equipes operacionais estejam conscientizadas dos pilares do programa de Prevenção de Perdas, treinadas para atuar dentro de todos os preceitos preconizados pela nova cultura e estejam afinadas com as novas ações para colocar na prática, as decisões tomadas pelos comitês centrais.
Vejamos os exemplos da importância das pessoas nos dois postos fixos que consideramos como indispensáveis para o monitoramento mínimo em uma loja:
Recepção de Mercadorias: o fiscal de prevenção de perdas deste posto, deverá estar atento à todas as movimentações de mercadorias e pessoas neste ambiente. Entretanto é indispensável que os conferentes, digitadores de notas fiscais e auxiliares realizem suas tarefas dentro dos procedimentos estabelecidos para que o risco de perda seja controlado.
Frente de Caixa: o fiscal de prevenção de perdas deverá observar e acompanhar todas as atividades desenvolvidas nesta área, participando inclusive dos controles. Entretanto a empresa conta com a mesma regularidade no exercício de suas funções dos operadores de PDV, empacotadores, fiscais de caixa e encarregado do setor.
A implantação de um Programa de Prevenção de Perdas, deve ser acompanhada da aplicação de contínuos treinamentos técnicos, operacionais e motivacionais de modo a buscar a necessária parceria entre os departamentos de Prevenção de Perdas e operações.
Para finalizar, entendemos que é necessário que haja total empatia entre as equipes de Prevenção e Operações, ou seja, “colocar-se no lugar do outro” para entender as dificuldades que cada um tem para desempenhar o seu papel no combate as Perdas, contornando crises que possam ocorrer devido a divergências corriqueiras.
A mensagem é: “Para prevenir perdas é imprescindível motivar e comprometer as equipes de base das lojas”
João Carlos Lapa
João Carlos da Lapa é diretor comercial da Prátika Consultoria de Varejo, empresa de consultoria especializada em Gestão Comercial e Prevenção de Perdas em supermercados. Trabalhou mais de 30 anos nas maiores empresas varejistas do Brasil. É instrutor de treinamento e palestrante em diversas associações supermercadistas regionais, tais como APAS, AMIS, ACATS, AGOS e ACAPS. É autor do Livro GANHAR MAIS PERDENDO MENOS, pela Editora SENAC, sobre o tema prevenção de perdas.
Website.: www.pratikavarejo.com.br