Entrevista com Erlon Lisboa
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Entrevistamos Erlon Lisboa - gerente responsável pela equipe de auditoria, prevenção de perdas e gestão de riscos do grupo Marisa
Erlon Lisboa Jesus | Profissional experiente para a prática de Risk Advisory Services e Forensic Services com ênfase em projetos voltados a varejo, indústria, serviços e indústria financeira com foco em projetos de Auditoria Interna, Forensic, Sox e Risk Management , em empresas dos diversos segmentos, envolvendo aspectos operacionais, estratégicos, Contábeis/Fiscal e tecnológico possibilitando a sua administração utilizar a auditoria como ferramenta de gestão garantindo assim a melhoria continua de seus processos e controles mitigando desta forma seus principais riscos.
Erlon, obrigado por aceitar ser nosso entrevistado. Gostaria em primeiro lugar de sua opinião sobre como o Varejo ser comportou ao longo de 2015 e quais são suas expectativas para 2016?
O varejo Brasileiro especialmente o varejo de Moda vive um momento difícil mas não catastrófico, a situação Política e econômica afeta diretamente o consumo brasileiro, o que antes era uma prioridade hoje não é mais, as prioridades das famílias brasileiras mudaram devido ao aumento do nível de endividamento, financiamentos de longo prazo como casa própria e automóveis estão cada vez mais distantes, a volta da inflação de 2 dígitos as taxas de juros altíssimas desencorajam principalmente as Classes C e D.
O ano de 2015 é um ano para nunca ser esquecido pois até agora tem sido um ano de grande aprendizado para os varejistas de moda, principalmente os que operam predominantemente com as classe C e D, muitos tiveram que olhar para dentro e repensar sua operação, seu principais processos e suas perdas operacionais, o grande pulo do gato e a gestão adequada dos seus estoque e o acerto de suas coleções, estes foram os fatores que fizeram a diferença em 2015, alguns estão levando estoques envelhecidos para 2016 e já começa o ano com grandes liquidações que podem não ser suficiente para limpar os altos níveis de estoque envelhecido, esta e uma grande oportunidade para os consumidores que guardaram um pouco do seu 13º para renovar seu guarda roupas, afinal vestuário não é item supérfluo pois depois dos alimentos e medicamentos todo mundo está vestido.
2016 inicia com o agravamento da crise política que contribui com a degradação da confiança do consumidor, este cenário permanece até que haja alguma definição do futuro político Brasileiro, o pior cenário e a incerteza do cenário político por fim acaba bloqueando a reação da economia.
O grande desafio será um bom controle das despesas, o acerto das coleções e o gerenciamento perfeito dos estoques, estes fatores evitam medidas de remediação como remarcação dos estoques o que deteriora a margem já apertada.
Sabemos que quanto maior for o agravamento da economia maior e o índice de desemprego e isto impacta diretamente no aumento de perdas por furtos, roubos e até arrombamentos, em recente pesquisa do IBEVAR vimos os indicadores gerais de perdas do varejo em 2,89 o maior índice desde o início da série histórica em 2002, vale ressaltar nem tudo e aumento das perdas pois o índice e calculado em função da ROL , grande parte também e oriundo da queda nas receitas do setor.
Nesse período de retração econômica, como está sendo o papel da área de Prevenção de Perdas?
Mais do que nunca as áreas de prevenção de perdas estão se reinventando, nunca tivemos um cenário tão desafiador para o setor, é preciso pensar diferente buscar inovação e não ter receio de fazer diferente vejo como uma grande oportunidade que as áreas de prevenção de perdas tem para demonstrar sua importância e o seu papel dentro das organizações, o tema prevenção deve prevalecer e para isto ele deve ter pauta fixa nas reuniões de diretorias , devemos ter total transparência para discutir abertamente todas as medidas que nos ( Empresa ) tomamos que no fim impacta no aumento das perdas.
Há um grande ponto de atenção quando as empresas começam a enxugar seus orçamentos, reduzindo quadro e os investimentos em prevenção, redução de mão de obra especializada, redução de fiscais e diminuição de manutenção e ou renovação dos aparatos de segurança gera um impacto severo nas perdas, a estrutura pode “parecer cara”, mas se for retirada o preço e muito maior, já imaginou uma loja sem fiscal na porta? Do que adianta antenas funcionando se não há quem monitora-las.
Você é responsável por várias áreas de controle na empresa (Prevenção de Perdas, Auditoria, Gestão de Riscos), como você consegue gerenciar os pontos conflitantes?
Não há uma receita de bolo pronta que sirva perfeitamente em todas as empresas, a melhor estrutura para a sua empresa será aquela que funcionar, neste caso podemos nos orgulhar que e uma estrutura construída pelo alicerce, o grande segredo são as pessoas, pessoas bem treinadas e preparadas fazem toda a diferença.
O segredo para que tudo funcione em perfeita harmonia é ter uma definição clara dos papeis e responsabilidade e primeiro lugar para as equipes e para a empresa , este processo se dá pela divulgação das suas políticas internas onde está definido o proposito e o mandato de cada área.
Cada equipe possui seu planejamento individual suas metas e seu nível de report claramente definido, o importante é não misturar as equipes, cada um deve trabalhar seguindo seus objetivos, desta forma evitamos sobreposição de atividades, o grande ganho nesta estrutura e o compartilhamento de informações o que torna os resultados individuais cada vez mais rico.
A Marisa é uma empresa de Capital Aberto, fale um pouco da estrutura de Governança das tuas áreas?
Atuar em compliance com as boas práticas de governança corporativa é fundamental para gerar valor e garantir os princípios que norteiam cada área, o mais importante é dar independência a quem precisa dela para atuar, Auditoria interna é uma área independente e não possui nenhum nível de relação com outras áreas, ela atua na 3ª linha de defesa e por isso se mantem apartada de quaisquer funções ligadas a operação, Gestão de Riscos e Prevenção de Perdas estão na 2ª linha de defesa portanto possuem um nível de relação entre elas principalmente no compartilhamento de dados e informações ligadas a perdas e riscos.
Manter supervisão nestas estruturas é mandatório, desta forma estas estruturas estão ligadas na presidência e possuem report ao conselho de administração e possui supervisão direta do Comitê de Auditoria.
Por favor, compartilhe um pouco seu conhecimento, quais as oportunidades que você prioriza em cada área e quais são os desafios?
Do ponto de vista de Auditoria Interna o grande foco e garantir que os controles internos da organização estejam funcionando de acordo com as diretrizes da organização que é manter um nível de risco residual aceitável sem perder a flexibilidade, na Gestão de Riscos é apontar para aqueles riscos que são estratégicos para o negócio e apoiar a empresa a executar as ações mitigatórias e garantir que os riscos operacionais que possuem interdependência com os estratégicos sejam tratados da mesma forma.
Na prevenção de Perdas o foco principal será em implementar tecnologia para ajudar na prevenção e fortalecer a cultura de treinamento e conscientização de toda a empresa.
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Aos amigos gostaria de dizer que e um momento onde temos que nos unir e nos ajudar de todas as formas possíveis sem ferir os princípios éticos de cada empresa, somos concorrentes na venda, mas nas perdas precisamos ser cada vez mais parceiros.
Obrigado
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