Gestão Estratégica do Sistema de Segurança
- Escrito por Nino Ricardo de Menezes Meireles
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Gestão estratégica é o desafio mais importante de qualquer organização, pois busca resposta para a seguinte pergunta:
de que maneira estabelecer as bases para o êxito de amanhã e ao mesmo tempo competir para vencer nos mercados de hoje.
Para Porter a estratégia consiste em uma série coerente de ações ofensivas ou defensivas, formuladas com o intuito de proporcionar à empresa uma posição sólida no mercado em que atua e de superar a concorrência. Tal posição é alcançada por meio do domínio das cinco forças competitivas: ameaça de novos entrantes; poder de barganha dos fornecedores; poder de barganha dos compradores; ameaça de produtos ou serviços substitutos e rivalidade entre concorrentes.
Gestão estratégica é um processo sistemático, planejado, gerenciado, executado e acompanhado sob a liderança da alta administração, envolvendo e comprometendo todos os gestores e colaboradores da empresa. Busca assegurar o crescimento, a continuidade e a sobrevivência da empresa por meio da adaptação contínua de sua estratégia, de sua capacitação e de sua estrutura, possibilitando-lhe enfrentar as mudanças observadas ou previsíveis no seu ambiente externo ou interno, antecipando-se a elas.
A metodologia básica é: definir as diretrizes estratégicas, analisar os ambientes externo e interno, desenvolver as estratégias da empresa, implantar o balanced scorecard (perspectivas: financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento) e formular objetivos e planos de ação.
Os principais desafios da gestão estratégica são: percepção de oportunidades, percepção de riscos, mudanças estratégicas, obstáculos culturais, obstáculos organizacionais e obstáculos de gestão.
O primeiro desafio é a percepção das oportunidades. É importante perceber que as oportunidades estão ocorrendo a todo momento, mas muitas vezes não são percebidas.
A percepção de riscos é afetada pelos seguintes fatores: sensação de segurança, falta de cultura de segurança, achar que problemas só ocorrem com as outras empresas e falta de histórico de ocorrência.
As mudanças estratégicas são: tecnológicas, estilo de vida das pessoas, leis e regulamentações, demográficas e geopolíticas. A interação de duas ou mais mudanças geram oportunidades e ameaças.
O quarto desafio são os obstáculos culturais. Não devemos esquecer que a cultura é um conjunto de verdades. É a maneira como a empresa resolve os seus problemas. Essas verdades são chamadas de paradigmas e eles podem ser obstáculos para o planejamento estratégico.
A estrutura organizacional pode ser um entrave quando não se adapta às mudanças do ambiente externo e interno. Ela pode se tornar inadequada ao negócio e dificultar o seu desenvolvimento.
O estilo de gestão impacta mais do que a cultura e a estrutura organizacional. O modelo de gestão são as formas de: agir, decidir, fixar prioridades, acompanhar resultados etc.
Na gestão estratégica é essencial o processo de observar, acompanhar, questionar e vasculhar possíveis riscos e oportunidades que possam exigir ações antecipadas ou contramedidas da empresa.
A empresa deve observar os eventos portadores de futuro. Esses eventos estão no ambiente externo. Eles são esperados ou temidos para o futuro, com baixa probabilidade, mas com alto impacto (positivo ou negativo).
É também preciso observar as tendências e as descontinuidades. Tendências são as variações no ambiente externo que podem afetar os negócios. Já as descontinuidades são mudanças bruscas no ambiente externo em curtíssimo espaço de tempo.
Tendo como referência as bases da gestão estratégica empresarial, podemos definir as bases estratégicas do sistema de segurança, sendo elas:
- Visão – O sistema de segurança tem que contribuir para o alcance da visão.
- Missão – O sistema de segurança tem que estar alinhado com a missão da empresa, além de ter sua missão.
- Abrangência – O sistema de segurança busca minimizar os riscos.
- Valores – O sistema de segurança tem que estar alinhado com os valores.
- Escolha estratégica – O sistema de segurança tem que potencializar a escolha estratégica.
- Alinhamento – As ações do sistema de segurança são desdobramentos das diretrizes estratégicas.
- Posicionamento – O sistema de segurança deve ser uma função de assessoria ligada à alta administração e não função de linha.
Outro ponto importante é o triângulo estratégico. Cada vértice do triângulo busca responder uma pergunta. A primeira pergunta é o que o sistema de segurança quer ser. Esta resposta terá como referência: visão, missão, valores, princípios, abrangência e escolha estratégica.
A segunda pergunta é o que é permitido fazer em termos de segurança. A resposta está nos ambientes externo e interno.
A terceira e última pergunta é o que o sistema de segurança sabe fazer. Esta resposta virá através da capacitação. No centro do triangulo estão as estratégias, que respondem à pergunta: o que o sistema de segurança vai fazer.
A gestão estratégica do sistema de segurança tem que estar alinhada á gestão estratégica da empresa, para isso a política de segurança deve acompanhar as diretrizes da empresa. É preciso também que o sistema de segurança seja reconhecido pela sua atuação e contribuição e seja parte integrante e necessária para o desenvolvimento da empresa.
O sistema de segurança tem que ser visto como: necessidade estratégica e não como custo desnecessário e diferencial competitivo.
Nino Ricardo de Menezes Meireles
Engenheiro Civil; Especialista em Consultoria e Gestão de Recursos Humanos; Especialista em Gestão Estratégica de Negócios; Extensão em Administração da Segurança Empresarial; Extensão em Gestão de Riscos Corporativos; Autor dos Livros : Desmitificando a Segurança (Edufba – 2002). Recursos Humanos no Setor de Segurança. O que você precisa saber. (Taba Cultural - 2005). Sistema de Segurança (Étera - 2006). Manual do Gestor da Segurança Corporativa (Étera - 2008). Professor e coordenador do curso de graduação em Gestão da Segurança Privada (Centro Universitário da Bahia – FIB). Professor e coordenador do MBA em Gestão Estratégica da Segurança Corporativa (Centro Universitário da Bahia – FIB). Diretor Bahia da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (Abseg). Consultor e facilitador.