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Retrospectiva 2013 - Gestão da Segurança Privada

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NÁLISE DA SEGURANÇA PRIVADA - GESTÃO 2013

 

Até quando a segurança privada será pega de surpresa, e pior, mesmo vivenciando as recorrências de ocorrências, nada faz!

 

 

E assim, mais um ano, entre outras desgraças, marcado também por alguns golpes letais e fatais, diretos na segurança patrimonial, tais como:

 

  1. A morte do Marconi Pinto Lopes – 02/09/2013 - profissional de destaque na área de segurança de eventos, bem como, no que tange ao compartilhamento de conhecimentos, e incentivo à busca constante pelo aperfeiçoamento;
  2. Roubo de 500 armas, munição e coletes à prova de balas, da empresa Capital Serviços de Vigilância, sediada no bairro do Cambuci e estava desativada;
  3. A tragédia em Santa Maria, que ocorreu na madrugada de 27 de janeiro, às 3h17, quando uma fagulha de um sinalizador usado pela banda que realizava um show pirotécnico chegou ao teto da casa noturna e queimou a espuma de revestimento acústico. O fogo se alastrou rapidamente e gerou uma fumaça formada por monóxido de carbono com cianeto, culminando na morte de mais de 240 pessoas.

 

Nesse cenário, começamos 2013 com alterações expressivas em termos financeiros na segurança privada, gerando grandes dificuldades de repasse referente ao “Impacto Financeiro”, dos prestadores de serviços de vigilância patrimonial aos tomadores dos respectivos serviços, a saber:

 

  1. Por previsão de contrato e legislação recorrente, naturalmente o dissídio, sem sombra de dúvidas foi repassado;
  2. Por conta da súmula 444, houve a discussão quanto o pagamento de 100% das horas trabalhadas nos feriados para quem pratica a escala de 12 x 36, não previstas nos contratos;
  3. Também ocorreu o aumento do tempo de reciclagem do vigilante de 3 para 5 dias, com carga horária total do curso de 50 h/a, podendo ocorrer diariamente no máximo 10 h/a, por conta da Portaria 3233/3258, obviamente aumentando o custo da diária do vigilante, não previstas nos contratos;
  4. Completando o estado de calamidade, surgiu o adicional de periculosidade de 30%, palco de muitas acaloradas discussões, sendo regulamentado em 2/12/2013 e também não estava previsto nos contratos.

 

Para o cliente, algumas empresas prestadoras alegaram que foram pegas de surpresa, será?

Para outras, nada de novo, tanto que algumas, desde março de 2012, preparavam os seus clientes para as possíveis mudanças e seus impactos financeiros.

Estar antenado nas mudanças políticas, sociais e legislativas é fundamental para uma boa administração dos negócios, especialmente no tocante a sobrevivência deste.

Falando em sobrevivência dos negócios, logo, lembro-me da ABNT NBR 15999 – Parte II, que foi substituída pela ABNT NBR ISO 22301/2013 - Segurança da Sociedade — Sistema de gestão de continuidade de negócios — Requisitos, bem como da Parte I - GCN – Gestão da Continuidade dos Negócios.

Mas, afinal, o que é GCN e para que serve?

 De acordo com a norma NBR 15999, a GCN é um processo abrangente de gestão que identifica ameaças potenciais para uma organização e os possíveis impactos nas operações de negócios, caso estas ameaças se concretizem.

Este processo fornece uma estrutura para que se desenvolva uma resiliência organizacional que seja capaz de responder efetivamente e salvaguardar os interesses das partes interessadas, a reputação e a marca da organização, e suas atividades de valor agregado.

 

Na prática quer dizer:

 1. Estamos no mundo de negócios competitivos e entre outros requisitos, a disponibilidade é fundamental para a sobrevivência das empresas,

2. As empresas não podem mais ficar indisponíveis para seus clientes independentemente do motivo,

3. Deve ser estabelecido um Plano de Continuidade de Negócios, abastecido de um plano de Contingência que responda às emergências durante as crises,

4. Ter disponibilidade acessível e utilizável sob demanda,

5. Ter confiabilidade em executar uma função requerida sob condições indicadas por um período de tempo especificado,

6. Assegurar sobrevivência e continuar em operação apesar das condições adversas.

 

Diante do exposto surge a pergunta: se temos uma norma para nos basearmos, não se pode alegar – “não sei por onde começar” - então qual o motivo de não o fazermos?

 

A prova que não estamos preparados está muito evidente diante das várias manifestações, legítimas, porém, contaminadas por pessoas do mal, com intenções claras de cometer o crime.

 

Segundo os analistas e especialistas em cenários, em toda desgraça há a oportunidade. Fato, pelo menos para os criminosos, que se infiltram como manifestantes e atacaram tudo que viram pela frente, cometendo também os saques, roubos, furtos, vandalismos, e tantos outros.

  • Mas a segurança pública viu alguma oportunidade?
  • A segurança privada viu alguma oportunidade?

Daí o questionamento reiterado: até quando a segurança privada continuará apenas olhando e quando muito contabilizando as perdas?

 Vimos também a grande quantidade de roubos cinematográficos a comboio de carros fortes em rodovias pelo Brasil.

 Elevação substancial de roubos no transporte de cargas, em especial, no modal rodoviário. Será que teremos que transportar tudo em blindados?

Cadê o gerenciamento de riscos, responsável por parte dos custos com prevenção?

 Roubos às joalherias dentro de shoppings, também foi vedete, com recorrência da mesma joalheria/shopping, diversas explosões de caixas eletrônicos e roubos de explosivos.

 Vimos ainda, os encontros de adolescentes nos shoppings do Brasil, combinados pelas redes sociais, notadamente em SP, e, em alguns casos, causou o fechamento das lojas - resposta reativa - além de furtos, roubos e vandalismos.

Quem pagará a conta?

Qual o impacto na continuidade dos negócios?

Prevenção de Perdas, Gestão de Riscos ou a Segurança Corporativa, deve ser o responsável pelo monitoramento das redes sociais?

 

Desabamentos de obras em andamento virou moda. Vários mortos, outros hospitalizados por um tempo elevado, evidenciando a grande dificuldade no gerenciamento de crises, especialmente no tocante a comunicação com a imprensa e atendimento as famílias das vítimas.

 

Os grandes Incêndios descontinuaram muitos negócios, em poucas horas, e agora? Cadê a prevenção? Cadê os planos de contingências para as emergências?

 

Para apimentar, questiono: Qual o impacto na segurança privada e demais negócios, frente à Resolução publicada no DOU (Seção 1, Pág. 9) em 21/Dez/12 pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos e Conselho de Defesa dos Diretos da Pessoa Humana. Sendo relevante a reclassificação das ocorrências de "resistência seguida de morte" que representava as "pessoas" que vinha a óbitos decorrente de confrontos com a polícia. Estas deveriam passar a ser classificadas entre duas situações: "lesão corporal decorrente de intervenção policial" ou "homicídio decorrente de intervenção policial".

 

Na área de ensino da segurança tivemos a publicação da Portaria CGCSP nº 30.536, de 07.02.2013 - Alterando a Portaria nº 12.620-CGCSP, de 13 de dezembro de 2012, para aperfeiçoar os requisitos necessários ao credenciamento de instrutores nas disciplinas dos cursos de formação, extensão e reciclagem, realizados pelas empresas de curso de formação de vigilantes, com ênfase para o profissional formado em curso superior de segurança privada.

 Por outro lado, como está a qualidade da formação e reciclagem dos vigilantes?

Nas Universidades, caso possuam, as métricas de qualidade, conseguem mensurar o potencial de aprendizado dos discentes? O mercado consegue filtrar?

 O CRA tem feito o seu papel no tocante a fiscalização da atividade do administrador de segurança privada?

 

A empregabilidade dos discentes dos cursos de segurança privada e alunos dos cursos de formação de vigilantes, é medida pelos institutos, associações e sindicados?

 Nessa linha, para incentivar os profissionais de segurança privada, o grupo Cipa Fieira Milano, como em anos anteriores, deu continuidade à entrega do troféu, “Premio Destaque”, homenageando o profissional que se dedica à segurança no local de trabalho. O evento também busca engrandecer a cultura prevencionista e feitos relevantes no seguimento.

 Na segurança logística, houve uma lei sancionada há quatro anos, que determina o rastreamento dos medicamentos, porém, ainda não está funcionando na prática. A Lei 11.903, de 14 de janeiro de 2009, prevê que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) implante o Sistema Federal de Controle de Medicamento (SNCM), para que todos os remédios produzidos no país possam ser rastreados da fábrica até chegar ao consumidor. Foi estabelecido prazo de três anos, após a sanção, para total implantação do sistema. Em fim, terminamos o ano sem o funcionamento do Sistema de rastreamento de remédios.

Por fim, não poderia deixar de mencionar um grande roubo realizado por um bando composto por pelo menos 30 homens armados e encapuzados, que utilizaram dez caminhões e oito carros, ao Centro Logístico Brasil, um condomínio logístico em Campinas (99 km de São Paulo), que distribui pelo menos metade dos celulares e tablets comercializados no país.

 

Fato semelhante ocorreu na cidade de Guarulhos – SP, com o roubo de quase 3 milhões em equipamentos eletrônicos.

 

Também tivemos roubo a numerários dentro de um aeroporto em SP e facilitação para transporte de drogas.

 

Sem contar inúmeros casos de vazamentos de informações, sabotagens, espionagens, crimes eletrônicos, entre outros.

 

Para tratar alguns dos temas citados, tem uma disciplina muito conhecida no mercado, qual seja, a GC - “Gerenciamento de Crises” – que em tese, está carregada de planos.

Estes planos foram acionados?

Estavam atualizados?

Foram revisados?

Foram simulados?

 Em pesquisa com 600 alunos do curso superior de segurança privada, apenas 3% afirmaram ter os planos validados e como sempre, faltando os treinamentos.

Outra pesquisa que fiz com aproximadamente 1500 vigilantes, trabalhadores da grande São Paulo, por ocasião dos cursos de reciclagens, apenas 2% confirmou ter percebido alguma mudança em função das várias perdas resultantes da violência de manifestações.

 

Ressalto que este artigo não tem a pretensão de abordar todos os ramos da segurança privada, e sim, gerar reflexões sobre alguns temas que julgo relevantes e de grande impacto nos negócios.

 Diante disso deixo mais dois questionamentos:

Em meio a tantas desgraças, como evolui a segurança privada?

Quais as lições apreendidas, nas mais diversas tragédias, pela segurança privada?

Teanes Carlos Santos Silva

Especialista em investigações e fraudes empresariais pela FECAP/BRASILIANO.
Pós graduado em Gerenciamento da Qualidade pela Universidade Bandeirante de São Paulo.
Graduado em Gestão de Segurança Empresarial pela Universidade Bandeirante de São Paulo.
Inicio de carreira em 1990 na Segurança Privada, sendo em Segurança Contra Incêndios até 1998 e a partir daí na Segurança Patrimonial.
Como Consultor de Segurança, participei da realização de Projetos de Segurança para negócios nas áreas de operadora logística, indústria alimentícia, indústria de papel e papelão, indústria de cosméticos, edifício empresarial, indústria de peças para automóveis, entre outros.
Atualmente Gestor de Segurança Patrimonial da TRW Automotive – Divisão BCS, Secretário do Comitê Nacional de Prevenção Perdas e Diretor Pleno da Associação Brasileira dos Profissionais de Segurança - ABSEG.

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