O Risco é Previsto ou Imprevisto?
- Escrito por Renato Vial Polidori
- Publicado em Gestão de Riscos
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Muitas pessoas sofrem atentados, assaltos, furtos, seqüestros etc. E perguntamos: “Por quê?, como?, O que fez com que acontecesse?”. Essas perguntas são feitas com maior freqüência, porém elas são respondidas pelos nossos atos rotineiros.
No dia a dia temos uma rotina no trabalho e mesmo em nossa residência, onde muita das vezes que conversamos com um amigo e/ou colega de trabalho, fazemos algum movimento que nos denuncia (como por exemplo: pegar o celular o tipo de aparelho demonstra o seu status, prender a mochila com os cintos demonstrando que está carregando muito peso, em outras palavras um notebook), pois sempre pode existir alguém observando e/ou escutando, ou seja, fica estudando para saber a hora “H” para cometer o sinistro. Isso é uma vida rotineira e faz com que coloquemos em risco a nós mesmos e a nossos familiares.
Um ladrão “profissional” não age na surpresa, mas sim com um planejamento e uma estratégia, ele busca um meio para que não seja surpreendido quando for efetuar um atentado.
Pergunto: “O que se pode fazer? Como evitar? Não sair mais de casa? Não podemos mais conversar abertamente?”. Resposta: o que deve ser feito é algo simples, chama-se cuidado.
Quando nós conversamos com alguém devemos tomar cuidado com o tipo de assunto que está sendo falado, deve-se ter a certeza de que se está falando com a pessoa certa e principalmente o lugar onde se está conversando. E as vezes o assunto não flui por maldade desta ou daquela pessoa, mas por excesso de confiança e falta de cuidado.
O maior erro em aspectos de segurança é achar que se está seguro, ou seja, não ter certeza do risco que se está com alguém e num lugar e/ou situação apropriada para tratar determinado assunto. Nestas situações pensamos “Isso não vai acontecer comigo!” ou “Isso nunca vai acontecer comigo!”.
Neste momento é que nós mesmos nos enganamos, pois por não termos a certeza de que estamos com segurança, por mais equipamentos que tenhamos, estes descuidos fazem com que sempre haja uma fragilidade na parte da segurança.
Na maioria dos atentados que ocorre, a primeira pessoa suspeita sempre é a que acompanhava a rotina da outra ou alguém que conhece a vida da pessoa que sofreu o atentado mais que ela mesma. É como se diz nos filmes “quando há um assassinato em uma mansão o culpado é sempre o mordomo”, porque é o mesmo que conhece e sabe a hora adequada para cometer qualquer sinistro.
Então pergunto: Como podemos fazer para evitar? Resposta: Evitar, quando alguém quer realmente atentar, não tem como, o máximo que pode ser feito é prevenir para que não aconteça não facilitar o sinistro. Uma das maneiras encontradas está nas orientações, nos treinamentos, nos processos, nas normas, na cultura que a pessoas recebem.
Vamos ver como isso pode ser exercido em uma residência. Por exemplo, temos um porteiro, um faxineiro, um zelador, um vigilante. Esta estrutura é a base, ou seja, o princípio para minimizar algum sinistro, pois não adiantará nada se os mesmos não tiverem as orientações, os treinamentos, os processos, as normas, a cultura e a prática. O profissional pode estar fazendo o certo até o momento em que é questionado por um morador da residência e isso faz com que o funcionário cometa um erro que não está previsto. Diante disso vemos que não são só os profissionais que necessitam saber das normas e procedimentos, tendo o conhecimento no que irão trabalhar em nossos lares para podermos ter o bem estar, conforto e segurança que é preciso ter em nossa morada. Para que funcione, o morador deve estar ciente e respeitar as normas e procedimentos adequados para sua residência mais vezes que um funcionário que trabalha no prédio, senão a própria pessoa se colocará em risco e mesmo sem intenção, colocará também os demais moradores do prédio.
Sabendo que o profissional está bem treinado e orientado e o morador respeitando as normas e procedimentos do condomínio, é desta maneira que todos estarão em uma área segura, com bem estar e conforto, pois todos saberão que desde o funcionário ao morador, havendo o respeito e conhecimento haverá a harmonia necessária de interesses e como resultante a segurança desejada por todos.
Agora vamos fazer uma análise em uma empresa que busca sempre montar uma infra-estrutura para maximizar a segurança e minimizar o risco. Também são feitos processos, procedimentos e treinamentos para toda uma equipe para que sejam eficientes e eficazes ao mesmo tempo. Uma empresa investe nos melhores equipamentos e passa um treinamento mais rígido para que tenha sempre a melhor equipe, contudo os funcionários que não trabalham na Área de Segurança, precisam adquirir o conhecimento necessário e dicas sobre a segurança para que no dia-a-dia tomem as devidas precauções para que evitem ao máximo que um sinistro ocorra.
Um funcionário deve saber, por exemplo, que em uma rotina de horários, ou seja, entrar no trabalho, ir almoçar e sair da empresa, sempre na mesma hora, estes detalhes geram fragilidade na segurança pessoal e empresarial.
Temos visto funcionários que quando vão almoçar, devido ao horário, acabam reservando uma mesa do shopping ou de um restaurante utilizando o crachá da empresa. Isso gera uma grande fragilidade pois caso o crachá seja furtado, o sistema o lerá e dará o acesso permitido ao seu portador, esteja este de boa ou de má fé. Isto sem considerar a fragilidade de segurança do próprio funcionário, cujo crachá pode ser usado para diversas outras finalidades como abrir crediários, contas em bancos, requisitar cartões de crédito, incriminar em sinistros, etc. Para que a segurança ocorra mesmo, treinamento e esclarecimentos são fundamentais, mas atitude é “tudo”. Por isso devemos nos policiar e ter consciência de nossas atitudes. Neste ponto cabe perguntar: “De que adianta uma empresa investir em meios que dificultam ao máximo acesso indevido, se um funcionário deixa a “chave” que libera o acesso?”. Está é uma situação que todos deveriam pensar antes de exercer algo, pois isso faz com que pense nos riscos que pode estar contribuindo para um sinistro.
Diante de todo este assunto abordado, pensamos “o que podemos fazer para que tenhamos a real segurança?”. Vimos que o processo de segurança é um processo coordenado, que deve ser feito sob vários ângulos e interações e ainda que começa com um bom treinamento para os profissionais da Área de Segurança, passa por obtenção e uso de recursos adequados, para seja valorizado o desempenho do profissional, se fortalece através do conhecimento necessário para as pessoas que não fazem parte da Área de Segurança, para que as mesmas saibam dos riscos a que estão expostas e também percebam que sempre há alguém pensando nelas,
É neste ponto que a “imprevisão” dos riscos vira “previsão” e permite aos gestores um trabalho focado e bem fundamentado no sentido de prevenção e proteção contra os incidentes.
Complementando um antigo ditado que dizia que “a única coisa previsível numa empresa é que sempre haverá imprevistos, o resto é apenas provável”, dizemos que hoje nada podemos fazer contra as ameaças, elas sempre existirão, mas com relação às nossas vulnerabilidades e, por conseguinte, nossos riscos, sempre haverá uma abordagem racional e praticável que nos permitirá transformar o que é “imprevisto” em “previsto” e assim gerenciar de modo adequado nossos riscos.
Renato Vial Polidori
Especializado em Gestão de Riscos e Segurança Empresarial – Master Business in Administration – MBA pela Faculdade FAPI – Faculdade de Administração de São Paulo e Brasiliano & Associados; Graduado em Gestão de Planejamento em Marketing e Web Designer pela UNIB – Universidade Ibirapuera; Graduando em Administração pela UNIFAI – Centro Universitário Assunção; Curso de Extensão em Análise de Riscos Corporativos alinhado a ISO 31000; Possuo mais de 06 anos de experiência em Implantação de Processos e Projetos de Gestão de Riscos, Segurança Empresarial, Gestão de Continuidade de Negócios, Gestão de Projetos e Administração de Negócios, Análise dos Resultados de Inventários de Estoque para apresentar o Plano de Ação foca em Prevenção de Perdas, Auditoria nas áreas administrativas das lojas; Gestão em novos sistemas para controle e administração, Criação e implantação de sistemas automáticos para administração e controle de projetos e ocorrências da empresa para gestão de risco e segurança empresarial, utilizando o Microsoft Excel; Elaboração de Plano Diretor de Gestão de Risco; Plano de Continuidade de Negócios – Business Continuity Plan; BIA – Business Impact Analysis; Análise de Riscos Corporativos; Projeto Integrado de Segurança; Plano Tático e Operacional; Plano de Contingência; Plano de Crise; Confecção de Editais; Elaboração de Cenários Prospectivos de segurança. Parecer Técnicos de sistemas de segurança eletrônico: Campanhas de sensibilização de segurança, Fraudes, Segurança da Informação, Continuidade de Negócio; Atualmente exerce a função de Consultor na Brasiliano & Associados Gestão de Riscos Corporativos. Dono do Blog: http://planogrcn.wordpress.com/