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Crescimento do uso das Sacolas Retornáveis e Aumento do Furto no Varejo. Simples Coincidência?

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Tenho constatado um crescimento significativo no uso das sacolas retornáveis por parte dos clientes em todo o Brasil, principalmente no interior dos supermercados.

Essa atitude por parte dos clientes alem de seu cunho sustentável, também tem um aspecto legal, pois em algumas cidades como Belo Horizonte e São Paulo, a proibição da utilização das sacolas plásticas em supermercados, foi determinada por força de lei específica.

Em estudo realizado em alguns supermercados da região central de São Paulo e principalmente em Belo Horizonte cuja proibição ocorreu em abril 2011,   sobre o comportamento do consumidor após a proibição do uso das sacolas de plástico, foi possível evidenciar que a sacola retornável esta sendo utilizada como mais um acessório, principalmente dos clientes de sexo feminino, se tornando uma peça  fundamental para a realização de suas compras.

Uma pergunta para reflexão: O crescimento dos furtos que vem sendo percebido pelos varejistas, tem alguma relação com a utilização das sacolas retornáveis?

Não quero absolutamente, entrar no mérito da questão sustentável, que vem amplamente sendo debatida em todas as esferas, minha opinião com relação à proibição do uso das sacolas plásticas, não será apresentada nesse artigo.

Porém, analisando esse novo comportamento do consumidor, apenas sob a ótica do Risco do varejista, o fato dos clientes portarem sacolas retornáveis durante suas compras, pode ser uma “oportunidade” para os furtantes, uma vez que, o principal meio utilizado para o crime de furto na área de vendas das lojas, é o empregado através da ocultação de produtos em sacolas.

Esses furtantes se “misturam” entre os clientes, aproveitando-se da fragilidade no processo de Segurança do varejista e muitas vezes, agem em quadrilhas furtando grandes quantidades e gerando perdas significativas para o varejista.

 

 Diante dessa realidade, o varejista se depara com algumas alternativas de soluções preventivas para a mitigação do risco do furto:

1) Lacração das Sacolas

Dispositivo que é colocado na porta das lojas para a lacração de sacolas dos clientes.

Tem sua eficiência discutida, quando a loja possui muitas portas, ficando difícil a cobertura em todos os vãos.

A permissão de sua utilização também é bastante discutida. No Rio Janeiro, uma Lei Estadual afastou a possibilidade de utilização dessas lacradoras alegando ser uma prática preconceituosa, pois muitas vezes existe o critério subjetivo do segurança em escolher os clientes para o uso dessa ferramenta.

 

2) Guarda Volumes

Local utilizado para guarda de pertences pessoais dos clientes, principalmente sacolas.

Foi um procedimento muito utilizado, porém hoje é pouco executado em razão dos riscos pela guarda provisória dos pertences pessoais dos clientes.

Segundo a legislação, quando o varejista mantém a posse dos pertences dos clientes, enquanto estes realizam suas compras, ele se torna um fiel depositário, sendo o responsável pela integridade desses bens.

Ao longo do tempo, falhas no processo, fraudes e simulações de furto, passaram a gerar a obrigação de indenização do varejista ao cliente.

Por exemplo, um cliente que ao recuperar seus pertences que estava em posse de uma loja observa a falta de um produto. O Ônus da prova cabe ao lojista, sendo responsável em provar a sua isenção de responsabilidade no caso.

Em razão de indenizações pagas, custo da operação e riscos inerentes, essa prática vem sendo descartada.

 

3) Aumento do efetivo de Seguranças ou Agentes de Prevenção de Perdas

A receita parece simples. Aumentou o furto, contrate mais seguranças!

Sabemos que essa formula muitas vezes pode funcionar como não, pois a variável perda é um dos fatores para dimensionamento da estrutura necessária. Também deve ser levado em consideração à localização da loja, metragem, número de portas, público, etc.

Outro ponto importante, diz respeito ao aumento do custo operacional. A decisão pela contratação deve levar em conta a relação custo x benefício, isto é, a redução da perda deve ser maior que o aumento gerado pela contratação dos seguranças.

 

4) Treinamento

O treinamento é uma das principais práticas de prevenção de perdas. O grande desafio é conseguir disseminar a cultura dentro de uma empresa e o treinamento, é uma das formas para o alcance desse objetivo.

Prevenção de Perdas é responsabilidade de todos! Recomenda-se que a abordagem preventiva (realizada no interior da loja com objetivo de inibição do furto) seja realizada por qualquer funcionário, através de um atendimento assistido. Essa ação quando muito bem treinada, pode evitar a consumação de um furto e principalmente, reduz a possibilidade de ações cíveis para reparação de Danos Morais.

 

5) Utilização de Etiquetas Eletrônicas nos produtos

Também conhecida como VEM (Vigilância Eletrônica de Mercadorias) é uma das formas mais eficientes para a prevenção de perdas contra furtos. A solução é composta por etiquetas do tipo “label” para aplicação em produtos de alto risco e do tipo rígida, para aplicação em roupas, garrafas de bebidas, eletroeletrônicos, etc.

Números do mercado apontam que investimentos em Antenas, podem reduzir as perdas em mais de 40% (quarenta por cento), pois além de agir de forma direta para a redução das perdas por furto, também exerce certa influência na redução de outras perdas, por contribuir na formação de um ambiente de controle na loja

 

6) Utilização de CFTV (Circuito Fechado de Televisão)

Solução utilizada em praticamente todos os grandes e médios varejistas. Pois além de contribuir de forma direta com a redução por furtos nas lojas, também é utilizada como ferramenta preventiva para solução de eventos, crises e para defesa em ações judiciais, além de importante papel para a gestão operacional da loja.

O CFTV, quando bem utilizado, é um importante instrumento para identificação de situações suspeitas de furtos ou ocultação de produtos da loja nos pertences pessoais dos “clientes”. Quando os Processos de Prevenção de Perdas são bem implementados e o plano de treinamento é cumprido na íntegra, esses fatores maximizam a eficiência de uma solução de CFTV.

Não posso concluir que o crescimento dos furtos está ocorrendo única e exclusivamente pelo aumento do uso das sacolas retornáveis, porém acredito que essa prática junto com os fatores externos já conhecidos (desemprego, atratividade, oportunismo, etc) tem impacto direto na exposição desse risco e como bons gestores, o nosso papel é de mitigar!!!

Boa Prevenção!!!

Carlos Eduardo Santos

Executivo com mais de 20 anos de experiência no Varejo em Prevenção de Perdas, Auditoria, Gestão de Riscos, Segurança Empresarial, Compliance e Controles Internos;
Presidente da ABRAPPE - Associação Brasileira de Prevenção de Perdas;
Professor na Fundação do Instituto de Administração – FIA, PROVAR – Programa de Administração de Varejo e Fundação Dom Cabral;Autor do Livro : Manual de  Planejamento de Prevenção de  Perdas e Gestão de Riscos;
Co-Autor do Livro : Manual de Varejo no Brasil;
Foi Diretor e Executivo em grandes empresas varejistas como Walmart, Lojas Marisa e Lojas Brasileiras;
Criador do Portal Prevenir Perdas;
Graduação em Administração de Empresas e Ciências Jurídicas e MBA em Gestão de Riscos e Segurança Empresarial.Atualmente é Diretor de Prevenção de Perdas e Inovação na Tyco / Johnson Controls

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