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Peixe de Fora

Tire sua marca do armário

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Quem não viu a campanha da Doritos ou não se lembra da propaganda do O Boticário para o dia dos namorados? Mas por que ainda existe tanto medo em associar sua marca ao público LBGT?

Eles movimentam estimados US$ 3 trilhões por ano ao redor do mundo. Gostam de viajar, adoram uma festa, não abrem mão de comer bem e de se vestir melhor ainda, e têm dinheiro para isso. Pesquisas apontam que o público homossexual gasta 30% a mais do que os heterossexuais e o seu poder de consumo, o chamado pink money, é resultado de um ciclo de vida diferente. Sem filhos em sua maioria, os casais homossexuais têm sua renda revertida para cultura, lazer e turismo. 
Independente do poder de compra, o consumidor LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) é formador de opinião e, por isso, deveria entrar no plano de mídia dos anunciantes, mas ainda há um temor das empresas de serem boicotadas pelo consumidor conservador. Apesar do tema já dominar o enredo das principais novelas da Globo, a publicidade brasileira ainda segue na zona de conforto do armário. Falta ousadia e coragem por parte de agências e anunciantes no Brasil em associar as marcas a esse público. Apesar da falta de dados exatos sobre o tamanho do mercado, é certo que fazer uma campanha para este público não irá apenas atrair o cliente homossexual, mas também se posicionar como uma marca moderna. 

O Boticário, Gol, Doritos e Absolut são algumas dessas marcas que abordaram a diversidade nos últimos anos e obtiveram bons resultados. As campanhas dessas empresas tratavam sobre autoexpressão e/ou sobre ser quem você é. Esse é um segmento pequeno, mas que tem poder de influenciar, pois o público LGBT consome e entende o valor agregado das marcas e manifesta frequentemente sua opinião com os outros.

A Skol foi uma das primeiras marcas a deixar de lado os estereótipos e a abraçar uma comunicação mais inclusiva. Antes a marca de cerveja da Ambev abusava de campanhas machistas, mas hoje reconhece que a objetificação feminina não a representa mais, e foi uma das principais patrocinadoras da 21ª Parada de Orgulho LGBT de São Paulo.

Considerando a relevância das empresas com a causa, em 2013 foi criado o Fórum Empresas e Direitos LGBT, uma organização que reúne grandes empresas em torno do compromisso com o respeito e a promoção dos direitos humanos LGBT e tem como objetivo influenciar o meio empresarial e a sociedade a respeito desta temática. As empresas, ao se comprometerem com a causa seguindo a carta de dez compromissos, adicionam valor efetivo às suas marcas. Dentre os compromissos, está o de promover igualdade de oportunidades e tratamento justo às pessoas LGBT.

Em tempo onde as pessoas trocam coisas por experiências, as empresas precisam entender que além de marcas são plataformas de conteúdo e agentes de mudança social, assim, elas precisam fomentar as questões existenciais. Marcas são feitas de pessoas e pessoas que causam as transformações. É importante demonstrar para a comunidade interna e externa que a empresa está comprometida em respeitar e promover os direitos LGBT. É bom para a causa, para atrair talentos, para os negócios e para evolução da sociedade.

Lucas Arena

Formado em Marketing, Lucas Arena iniciou sua carreira na organização e promoção de eventos nos pavilhões da Expo Center Norte, Anhembi e Rio Centro. Respondeu por quatro anos pelo departamento de criação e arte da VMA Comunicação. Participou de diversas campanhas políticas no interior de São Paulo, sempre assessorando os candidatos, chegando a trabalhar na assessoria de comunicação de um parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Hoje, é sócio proprietário da Arena Comunicação

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