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Painel de Entrevistas

RETROSPECTIVA 2011 – SEGURANÇA PRIVADA

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Vividos os doze meses corridos em 2011, avaliando com visão macro da gestão de riscos, prevenindo perdas e contribuindo com a lucratividade do negócio, foram atingidos os resultados esperados conforme planejado pela segurança privada? 

 

Ano após ano, faz-se o planejamento estratégico para o período seguinte.

Sabe-se que um bom planejamento necessita de bons profissionais, multifuncionais e polivalentes oriundos de boas formações universitárias e com experiência prática relevante. Nesse sentido a segurança empresarial evoluiu nos últimos anos, contudo percebe-se uma menor procura pelos cursos tecnológicos em gestão segurança empresarial e afins.

Diante disso existem algumas questões para análise:

Formaram-se menos turmas e menos tecnólogos ou há também maior evasão nos cursos de segurança privada?

A qualidade dos cursos evoluiu ou ainda necessita de aferição?

É válido considerar o emprego atual do discente para efeito de estágio, mesmo que as atividades sejam todas operacionais? É de conhecimento que a maiorias dos executores estão longe dos gestores, portanto, como aprenderão a gestão? 

O mercado propiciou diversas oportunidades para evolução do conhecimento e técnicas de gestão e operação por meio do grande volume de eventos. Se por um lado encontramos alguns com participação a custo zero; encontramos também os que exigiram investimento fora da realidade da maioria dos profissionais. Houve para todos os gostos e bolsos. Independente dos valores identificamos a alta qualificação dos palestrantes e instrutores, com destaque na experiência empresarial. Houve também casos que apresentaram confusão de temas, muita desorganização e que, obviamente, nada agregando ao cotidiano de quem atua na segurança empresarial. 

O mercado sofre do paradoxo, da demanda por gestores bem formados em gestão de segurança, com ampla experiência, contudo oferece salários de níveis inferiores da hierarquia. Embora exista o CBO, não existe piso salarial para a categoria e a grande maioria sem plano de carreira e salário. 

Algumas associações dos profissionais de segurança empresarial atestam a capacidade de conhecimento dos profissionais, disponibilizando uma certificação profissional, contudo, o mercado não as solicita nas descrições das vagas e nem paga mais por isso, portanto é um fator desestimulador em busca de mais conhecimento nesta área. Se o mercado não reconhece e valoriza as certificações dos gestores, e se não há salários compatíveis com a responsabilidade e riscos da função e plano de carreira, é de se esperar uma migração desses profissionais para outras áreas, à exemplo dos operacionais como vigilantes, porteiros e similares. 

As associações têm papel social preponderante na valorização da classe, cabendo ainda, estimular continuamente o profissional, em todo território brasileiro; contudo, observamos que há espaço para maior envolvimento dos seus associados. Algumas ainda devem mapear e melhor identificar quem são, onde estão, o que fazem, quando fazem e em que tipo de negócio estão atuando seus associados, como indústria química, petróleo, automobilística, operadora logística ou indústria alimentícia entre outras. Outras não cumprem o seu objeto de estatuto, bem como não estão unidas e alinhadas em discursos e com ações em prol da evolução e valoração do seguimento da segurança privada. 

Será a saída, constituirmos sindicato e confederação ou conselho de classe, ou é melhor deixar com o CRA? 

Todo seguimento que se preze precisa de regulação e na segurança privada não é diferente, contudo a legislação federal está fora da realidade, além de não alcançar todas as atividades de negócios.

Diante disso, insisto para que além de bom senso, e para não cairmos, por exemplo, no problema da agricultura, que peca com aplicação aplica excessivamente veneno, haja uma padronização mínima nos planos de segurança com base em norma técnica, para, também, não pecarmos pelo excesso nas medidas e recursos de segurança recomendados, portanto deve-se pensar em normalizar o seguimento. Corroborando com esta necessidade, dentro do contexto, existe em andamento o tão discutido Estatuto da segurança privada. Espero que ele seja aprovado com base técnica e não política, bem como que saia da gaveta brevemente, como vem prometendo as autoridades. 

A tecnologia para a segurança evoluiu em todos os aspectos, especialmente os relacionados a equipamentos. Mas não é difícil observar que o mercado da segurança eletrônica ainda se apresenta sem fiscalização e sem regulamentação oficial. Encontramos também empresas e profissionais que medianamente sabem instalar equipamentos e a infra-estrutura necessária para prover segurança. Necessitam de mais conhecimento para realizarem uma manutenção adequada em sistemas de CFTV, sobretudo nas câmeras. 

Está na moda temas com foco em grandes eventos, especificamente a copa do mundo e olimpíada, porém quando encerrados, como serão tratadas as questões de segurança privada nos locais onde ocorrerão os campeonatos a nível estadual e brasileiro nas diversas séries alfabéticas? A polícia militar continuará a realizar a segurança das pessoas nos estádios ou teremos um novo modelo?

No caso da Copa 2014, por se tratar de evento particular e lucrativo, dentro de um ambiente privado, deve a segurança das pessoas ser realizada por empresa terceira dentro do empreendimento, com a inegável e inconfundível integração com a segurança pública e demais órgãos? 

É notório que a segurança privada evoluiu, onde antes atuava com a reação e força, hoje atua com inteligência, planejamento e prevenção, mitigando os riscos. 

Também se percebe que as mesmas mentes pensantes do seguimento se destacam. A prova disso está nos eventos, que como chamada utilizam e apresentam constantemente os mesmos protagonistas, assim, como fica a sucessão, diante da falta criatividade e inovação? Como será, então, para este seguimento que tem necessidade permanente de reter talentos e conhecimento? E ainda questiono: Se houvesse mais valorização, incentivando a busca pela educação continuada e melhoria contínuas, o profissional interessado poderia se expor mais, mostrando suas idéias e transformando-as em ações relevantes para a segurança privada? 

A mídia seguimentada é a mesma, sem evolução aparente. Cumprem seu objeto de negócio, cobrindo vários eventos em todo Brasil. Muitos livros foram publicados e  se espera a publicação de muitos outros, contribuindo para a disseminação do conhecimento aos profissionais da área e os que vierem a fazer parte, bem como aos usuários da segurança. 

A gestão de riscos também passou por transformações, sendo nesse caso a consolidação do tema com uma NBR, dando um guarda chuva para este tema. Em breve, após passar pela consulta nacional da ABNT, será publicada a NBR ISO 31010, oriundo do Projeto 63:000.01-002 (ISO/IEC 31010) Gestão de riscos – Técnicas para o processo de avaliação de riscos e fará parte da NBR ISO 31000 existente. 

Também vale a pena refletir: Estávamos preparados para os ataques aos caixas eletrônicos e estamos preparados para a migração destes criminosos?

Conseguimos analisar cenários, de tal forma, a nos anteciparmos ao movimento social dos criminosos, haja vista que a bandeira vermelha tinha sido levantada quando começaram os roubos e furtos de explosivos? 

As empresas enxergam a segurança empresarial como diferencial competitivo, no entanto, outra grande parcela de empresas, se quer, conhece a existência do profissional dessa área, razão pela qual, a segurança do trabalho é quem toma conta desse assunto em muitas empresas. 

Concluindo, vale ressaltar que os temas de segurança privada para reflexão são muitos, e uma revista não teria espaço suficiente, contudo o objetivo deste artigo é fomentar uma discussão inteligente. Cabe a cada gestor a responsabilidade e comprometimento de disseminar tais reflexões. Reflexões estas que tem prioridades diferentes, dependendo do tamanho da organização e tipo de negócio, cujo objetivo é levantar uma bandeira; a bandeira da melhoria contínua, visando, principalmente a recuperação manutenção saudável dos negócios e transmissão de, ao menos, uma sensação de segurança.

Teanes Carlos Santos Silva

Especialista em investigações e fraudes empresariais pela FECAP/BRASILIANO.
Pós graduado em Gerenciamento da Qualidade pela Universidade Bandeirante de São Paulo.
Graduado em Gestão de Segurança Empresarial pela Universidade Bandeirante de São Paulo.
Inicio de carreira em 1990 na Segurança Privada, sendo em Segurança Contra Incêndios até 1998 e a partir daí na Segurança Patrimonial.
Como Consultor de Segurança, participei da realização de Projetos de Segurança para negócios nas áreas de operadora logística, indústria alimentícia, indústria de papel e papelão, indústria de cosméticos, edifício empresarial, indústria de peças para automóveis, entre outros.
Atualmente Gestor de Segurança Patrimonial da TRW Automotive – Divisão BCS, Secretário do Comitê Nacional de Prevenção Perdas e Diretor Pleno da Associação Brasileira dos Profissionais de Segurança - ABSEG.

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