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Blog Prof. Carlos

O Serviço Ilegal da Segurança e o papel do Gestor de Riscos

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Há medida que cresce a necessidade de nossa sociedade na contratação de serviços de segurança privada, cresce também a oportunidade de muitos “amadores” entrarem neste mercado que cada vez mais torna-se atraente e com inúmeras possibilidades.

A idéia de se ter maior tranqüilidade na utilização de serviços de segurança privada, acaba muitas vezes, “fechando” os olhos dos clientes na hora de se exigir certificação destes “aventureiros”, que também oferecem preços e condições fora da realidade do atual mercado.

Mas, por que temos hoje, tantas empresas de segurança privada legalizadas e outras sem nenhuma certificação? De onde surge esta grande demanda? Na verdade, enfrentamos a terrível realidade de que nosso sistema de Segurança Pública infelizmente sofre, há muito tempo, uma nebulosa crise, causando a incerteza e a insegurança em nossa sociedade, gerando as oportunidades a todas estas empresas profissionais ou não.

Sabemos que é um dos deveres do Estado prover segurança à população e que o surgimento da Segurança Privada em nosso país, está diretamente interligado aos assaltos à Bancos no final da década de 60. De lá para cá, tivemos diversos cenários no contexto da Segurança Pública nacional, onde as atividades regularizadas das empresas de segurança privada foram alteradas, incluindo não apenas a atuação em instituições financeiras, mas outras variações, como as de segurança pessoal, escolta armada e transporte de valores, além de também se estender a indústrias, shopping, residências, entre outros.

As novas regras para se certificar, alavancaram o crescimento das empresas de segurança privada cada vez mais e exigem uma melhor preparação do seu contingente. O departamento de Polícia Federal, responsável pelo controle das empresas de segurança privada publicou, em setembro de 2006, a portaria 387, que modificou a 992/95, atualizando-a e alterando a formação dos vigilantes.

Hoje também, temos diversos clientes que na hora de selecionarem a equipe de vigilância e agentes de proteção pessoal, acabam exigindo “algo mais” do que o simples treinamento ofertado pelas próprias academias de formação destes profissionais e exigido pela Polícia Federal. Um exemplo disso está implícito em algumas Instituições financeiras, que exigem de seu prestador de serviços de vigilância um programa completo de atendimento ao cliente junto a portas Giratórias, a fim de minimizar cada vez mais os constrangimentos causados por esse equipamento e demonstrar a importância de seu trabalho no bom atendimento, trazendo além da sensação de segurança, mais cordialidade, respeito e educação para todos os envolvidos no atendimento ao cliente.

Outros clientes exigem além da experiência e da sólida formação na questão da segurança patrimonial, outros diferenciais como uma segunda língua e outras habilidades específicas do local de execução do trabalho.

Se analisarmos de forma mais simples, podemos concluir que a simples contratação de um chamado “vigilante noturno” de rua, aquele que geralmente está com um apito, um colete escrito “segurança”, uma bicicleta ou uma moto, pode implicar em maior risco para a segurança daqueles moradores de determinada localização, uma vez que não há monitoramento, controle, preparação, treinamento, equipamentos e muito menos legalidade para exercer tal função.

Este chamado mercado clandestino, muitas vezes pode estar sendo dirigido por aqueles que estão do outro lado da lei, exigindo que os moradores colaborem no final do mês com uma quantia pré-estipulada, em troca de “ajuda”, ou até mesmo de não facilitar a ação criminosa, pois se dizem conhecedores de tais indivíduos.

Outra questão a ser colocada que se traduz na visão de muitas pessoas que não tem familiaridade com o mercado de segurança, diz respeito à contratação dos chamados “leões de chácara”, que geralmente estão “preparados” para dar segurança em festas, casas noturnas e outras situações. Na verdade são em sua maioria, pessoas com físicos avantajados e músculos à flor da pele que estão ali apenas para exercer a função de “cães” preparados para separar brigas a qualquer custo, sem possuir qualquer experiência legal e profissional para por em prática nos casos de necessidade.

Há ainda situações que acabam envolvendo a utilização de armas e outros equipamentos não autorizados, porém, devido ao conhecido “jeitinho” brasileiro, acabam entrando neste mercado e trazendo mais insegurança do que a tranqüilidade que a população tanto clama.

Quando se trata de fiscalizar as empresas clandestinas, hoje, temos mais de três mil vigilantes em situação irregular, o problema aparece de forma mais intensa, pois é muito dificultoso o controle efetivo por parte do Departamento de Polícia Federal.

Além das agências bancárias e seus respectivos postos, que devem ser fiscalizados quanto aos planos de segurança, a polícia federal também deve fiscalizar o efetivo e o sistema de segurança de milhares de empresas especializadas, pelo menos uma vez por ano, por ocasião da renovação da autorização de funcionamento e da emissão do certificado de segurança.

Isso nos mostra o por que da proliferação de empresas clandestinas. Essa deficiência prejudica todo o seguimento, pois são empresas perdendo pontos para as clandestinas, vigilantes que ficam desempregados e o estado que não recolhe impostos e taxas que são importantes para a economia brasileira.

A criação de campanhas de sensibilização e de sistemas a fim de conscientizar as pessoas sobre os riscos da contratação de empresas clandestinas e vigilantes sem o preparo adequado, é fundamental para a melhoria da segurança.

O fato é que toda esta formação e exigências por parte de profissionais e contratantes, tem o seu custo na hora da aplicação daquilo que foi preparado de forma a superar as expectativas do próprio cliente. E quando se fala em custo, muitas vezes estes clientes por não absorverem ainda as mudanças que este mercado hoje oferece, acaba procurando tais serviços ilegais, achando desta forma que irá “gastar” menos, mas com a mesma qualidade.

Hoje, uma das principais funções do Gestor de Riscos em qualquer corporação, é avaliar o custo x benefício na hora de se investir em empresas que fornecem serviços de segurança privada e também em sua aplicação na forma orgânica. O gestor deve estar preparado para entender as exigências legais, alertando sua empresa e justificando de forma convincente, indicando o quanto estas ações irão mitigar riscos em sua corporação, levando em conta não só a segurança patrimonial, física ou pessoal, mas também a segurança de forma estratégica, à medida que esta implementação está diretamente ligada à todo planejamento corporativo da alta administração para o ano corrente e os subseqüentes.

O que muito se questiona no perfil atual de gestores de risco e consultores de segurança, é que não há exigência legal para se contratar tal profissional, diferentemente das empresas, que necessitam de autorização para funcionar tendo experiência de no mínimo um ano antes de prestar serviços de escolta ou segurança pessoal. Encontramos na verdade diversas situações divergentes de profissionais que atuam em cargos estratégicos na gestão de riscos ou na gerência de departamentos de segurança em diversas instituições, e que para atingirem tal nível, apenas contam com sua experiência de trabalho. Além da questão da falta de critérios para formação específica destes profissionais, eles acabam não possuindo nem formação militar, que seria o exigido no começo do surgimento do profissional de segurança no país, nem outras formações já existentes no mercado há muitos anos, como administradores, engenheiros e outras tantas.

Mas existem hoje associações como a Abese - Associação brasileira das empresas de segurança eletrônica, que criaram o “selo amarelo” que comprova a capacidade técnica e a qualidade de entendimento das empresas.

Para os profissionais de segurança, através da ABSO - Associação Brasileira de Segurança Orgânica, existe a certificação de Especialista em Segurança, que apresenta ao mercado as pessoas que possuem experiência e conhecimento não só operacional, mas técnico e estratégico, suficiente para atuarem como gestores ou gerentes de segurança.

A Abseg - Associação Brasileira de Profissionais de Segurança - que tem o objetivo de promover a capacitação, o aperfeiçoamento e o desenvolvimento de todos os profissionais que atuam no segmento de segurança e proteção, também criou uma certificação de Especialista em Segurança que é o ASE (Analista de Segurança Empresarial). Assim como a ABSO, elaborou provas de conhecimento técnicos dos profissionais de segurança, além de exigir experiência profissional. Desta forma, temos uma triagem mais detalhada dos profissionais que atuam na segurança corporativa.

Outra forma de indicação e qualificação disponível no mercado atual são os cursos superiores em gestão de segurança patrimonial e pessoal, com duração de dois anos e os cursos de especialização de Gestão de Riscos e Segurança empresarial.

O que o mercado precisa ao mais breve possível, é a junção das forças das associações, das universidades e é claro, de órgãos reguladores, a fim de que possamos cada vez mais profissionalizar este mercado emergente, oferecendo aos clientes maior credibilidade e qualidade e para nós, gestores de segurança e riscos, maior espaço de disputa competitiva, o que é motivador para qualquer área de atuação corporativa.

Referências bibliográficas
Artigo - As mudanças e a falta de fiscalização no Brasil | Segurança Privada
Por Cláudio Moretti
Data: 23.01.2009

Última modificação emQuarta, 18 Junho 2014 11:39
Leandro Fortes

Consultor de Segurança.MBA em Gestão de Riscos e Segurança Empresarial pela FAPI – Faculdade de Administração de São Paulo / Brasiliano & Associados Pós graduado em política e estratégia pela Universidade de São Paulo Graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra. Graduado em Comunicação Social pela Universidade Anhembi Morumbi. Técnico em Administração de Empresas pelo Colégio São Sabas. Graduado em Segurança de Dignatários e Proteção Executiva na Cidade de Davie, Miami - EUA. Ex professor da UNIBAN no curso de Gestão de Pessoas. Diversos outros cursos na área de Segurança. Atua há mais de 14 anos com Segurança Bancária, desenvolvendo treinamentos e palestras preventivas, entre outras atividades que compreendem a Gestão de Segurança Bancária.

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