Perspectivas da Cadeia do Frio para Frutas e Hortaliças
- Escrito por Arlindo
- Publicado em Prevenção de Perdas
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Com a mudança dos hábitos alimentares ocorridos nos últimos anos no país, e com uma maior exigência de qualidade por parte dos consumidores, começa haver também uma maior necessidade de utilização da refrigeração, não somente para melhoria da qualidade como também para a redução das perdas.
Existem produtos em que as perdas chegam a mais de 40% do total produzido. Considerando que para a produção destes alimentos é necessário o preparo da terra, a adubação, o plantio, os tratos culturais, a colheita, o transporte, e em alguns casos o processamento e a refrigeração, é grande o desperdício energético causado pela perda de produtos que passam por todas estas etapas. Como a grande maioria das perdas de alguns produtos, principalmente frutas e hortaliças, ocorrem entre as fases de pós-colheita e chegada ao consumidor final, pode-se amenizar o problema utilizando-se a refrigeração durante estas etapas. A "Cadeia do Frio" consiste basicamente em resfriar o produto desde a colheita e mantê-lo frio ao longo de toda a seqüência até o consumo final. Este artigo chama a atenção para importantes fatores a serem observados para uma adequada implementação da "Cadeia do Frio" (www.cabano.com.br).
Com a abertura econômica, o produtor agrícola passou a se preocupar com a produtividade e também com a qualidade dos produtos, tendo em vista que estes fatores passaram a ser primordiais para a sobrevivência econômica, devido à concorrência mais acirrada.
Segundo o site (www.cabano.com.br) as perdas de alimentos no Brasil podem ser caracterizadas sob dois aspectos: perdas quantitativas e perdas qualitativas. As perdas quantitativas são as perdas mais visíveis e podem ser medidos na quantidade de produtos desperdiçados. Estes produtos vão normalmente aparecer na forma de lixo. Já as perdas qualitativas são aparentemente mais difíceis de serem quantificadas. Estas se revelam em termos de redução na qualidade do produto ocasionando uma perda no preço de comercialização e de competitividade de quem a esteja comercializando. Ambas as perdas acabam por reduzir a renda de quem produz ou comercializa estes produtos agrícolas.
Quando o assunto é a Cadeia do Frio, deve-se analisar não somente aspectos da refrigeração do produto em si, mas também, aspectos relacionados aos elos da Cadeia, como por exemplo, o produtor rural, tecnologia pós-colheita, pré-resfriamento do produto, embalagens adequadas, transporte frigorificado, logística de distribuição, etc. A não utilização da refrigeração acarreta alguns problemas, como por exemplo, o "estrangulamento econômico", tanto do produtor como do atacadista, onde ambos têm um curto período para comercialização. Normalmente este tempo é tão curto, devido às altas temperaturas a que o alimento permanece, e em conseqüência não consegue-se comercializá-lo. Assim, o atacadista se vê obrigado a repassar esses custos.
Atualmente encontramos no mercado algumas frutas e verduras com embalagens diferenciadas onde constam o nome do produtor e, ou, da empresa produtora. O objetivo é o de promover o produto através da diferenciação da qualidade em relação aos similares existentes no mercado. Com isso, pretende-se associar o produto como padrão de qualidade, ou seja, imagina-se que o consumidor irá associar aquele produto como tendo uma qualidade superior e que ele o compre por este motivo. Mas isso, infelizmente, nem sempre ocorre, pois existem algumas falhas graves neste processo: a maioria dos produtos chegam ao mercado em condições ideais de serem comercializados, ou seja, devidamente acondicionados, transportados e com a adequada temperatura, mas quando passam pelos atacadistas, a cadeia é quebrada. Ao chegar ao varejista, a fruta, já a temperatura ambiente, é exposta para o consumidor final. O consumidor, por questões culturais apalpa o produto, cheira e aperta. Este processo acontece algumas vezes antes que algum consumidor o compre. Com isso, a fruta, que saiu do produtor em condições ideais, chega ao consumo final em condições diferentes das iniciais, com uma grande perda de qualidade. A questão é: quem foi prejudicado? Primeiro o produtor, pois a impressão que se teve é a de que ele não ofereceu um produto adequado ao consumidor, e o mais grave, o conceito da sua marca perante o consumidor sofreu avarias, talvez muito difícil de ser recuperado. Segundo, o atacadista e o varejista, precisariam vender o produto mais caro porque as perdas são altas, e terceiro, o consumidor, porque pagou mais caro por um produto de baixa qualidade. Se este produto não tivesse a cadeia do frio quebrada, desde a saída do produtor até a chegada ao consumidor final, recebendo todos os cuidados necessários, teria um produto de maior qualidade, com menores perdas na comercialização e conseqüentemente, até uma possível redução dos custos, além de uma satisfação maior do consumidor com aquela determinada marca ou produtor. Nota-se, assim, que, para que o produtor possa oferecer um produto de alta qualidade no mercado, não basta que somente ele tenha uma boa infra-estrutura, mas que também o atacadista e, principalmente o varejista também o tenham.